À Deriva

ACTA – A Com­pa­nhia de Teatro do Al­garve e Com­pa­nhia de Teatro de Braga

Duração aproximada: 80 min | Classificação etária: M/12

À Deriva

Na sua génese, o texto reporta-se a uma situação con­cen­tra­ci­o­ná­ria es­pe­cí­fica e a um caso verídico ocorrido durante o regime do apartheid na África do Sul, na ilha-prisão de Robben, a mesma onde Nelson Mandela cumpriu pena durante 27 anos. No caso, dois com­pa­nhei­ros de in­for­tú­nio par­ti­lham a mesma cela; durante o dia realizam trabalho forçado e à noite ensaiam a Antígona, de Sófocles. O ob­jec­tivo é que a peça (reduzida às per­so­na­gens Antígona e Creonte) seja apre­sen­tada perante os outros pri­si­o­nei­ros: ela expõe pa­ra­le­los entre a situação de Antígona, con­de­nada por razão dis­cri­ci­o­ná­ria, e a idêntica con­tin­gên­cia em que todos eles se en­con­tram naquela ilha-prisão.

Pois, se esta é a génese, o enredo, no entanto, contém uma ine­vi­ta­bi­li­dade que, no plano das con­je­tu­ras dra­ma­túr­gi­cas, nos remete para pro­ble­má­ti­cas da con­tem­po­ra­nei­dade, de­sig­na­da­mente no que respeita a casos de mi­gran­tes que, fugindo da miséria, não logram chegar ao es­pe­ran­çoso lado oci­den­tal do Me­di­ter­râ­neo e acabam cap­tu­ra­dos e ex­plo­ra­dos em con­di­ções análogas às que o texto fundador expõe; também aos que nos seus próprios países são reféns da cobiça e in­te­res­ses múl­ti­plos, como é o caso dos sujeitos a es­cra­va­tura nas minas de Coltan no Leste do Congo, o mineral metálico coração dos smartpho­nes; também ao tráfico humano, em geral, que con­tem­po­ra­ne­a­mente acontece em África com a discreta co­ni­vên­cia e múl­ti­plos in­te­res­ses oci­den­tais… Por con­se­guinte, o drama daqueles dois homens de Robben perpetua-se noutras ilhas e sob outros pre­tex­tos.

Ficha técnica e artística

Texto: versão livre de Alexandre Honrado (a partir do original “The Island”).
Autoria: Athol Fugard, John Kani, Winston Ntshona
Tradução: Sara Afonso
Dramaturgia e encenação: Luís Vicente
Intérpretes: Luís Vicente e Rogério Boane
Cenografia: Rafael Goes
Assistência de encenação: Tânia da Silva
Desenho de luz: Octávio Oliveira
Desenho de som: Diogo Aleixo
Produção: Márcia Martinho
Promotor: ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve
Coprodução com CTB - Companhia de Teatro de Braga

Entrada livre

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