18 a 27 Agosto 2022
com extensão a 28 setembro
Na sua génese, o texto reporta-se a uma situação concentracionária específica e a um caso verídico ocorrido durante o regime do apartheid na África do Sul, na ilha-prisão de Robben, a mesma onde Nelson Mandela cumpriu pena durante 27 anos. No caso, dois companheiros de infortúnio partilham a mesma cela; durante o dia realizam trabalho forçado e à noite ensaiam a Antígona, de Sófocles. O objectivo é que a peça (reduzida às personagens Antígona e Creonte) seja apresentada perante os outros prisioneiros: ela expõe paralelos entre a situação de Antígona, condenada por razão discricionária, e a idêntica contingência em que todos eles se encontram naquela ilha-prisão.
Pois, se esta é a génese, o enredo, no entanto, contém uma inevitabilidade que, no plano das conjeturas dramatúrgicas, nos remete para problemáticas da contemporaneidade, designadamente no que respeita a casos de migrantes que, fugindo da miséria, não logram chegar ao esperançoso lado ocidental do Mediterrâneo e acabam capturados e explorados em condições análogas às que o texto fundador expõe; também aos que nos seus próprios países são reféns da cobiça e interesses múltiplos, como é o caso dos sujeitos a escravatura nas minas de Coltan no Leste do Congo, o mineral metálico coração dos smartphones; também ao tráfico humano, em geral, que contemporaneamente acontece em África com a discreta conivência e múltiplos interesses ocidentais… Por conseguinte, o drama daqueles dois homens de Robben perpetua-se noutras ilhas e sob outros pretextos.
Texto: versão livre de Alexandre Honrado (a partir do original “The Island”).
Autoria: Athol Fugard, John Kani, Winston Ntshona
Tradução: Sara Afonso
Dramaturgia e encenação: Luís Vicente
Intérpretes: Luís Vicente e Rogério Boane
Cenografia: Rafael Goes
Assistência de encenação: Tânia da Silva
Desenho de luz: Octávio Oliveira
Desenho de som: Diogo Aleixo
Produção: Márcia Martinho
Promotor: ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve
Coprodução com CTB - Companhia de Teatro de Braga
Basta aparecer!